terça-feira, 26 de abril de 2011

Miguel Ângelo...

 ... para a oficina de escrita (Prof. Paulo Pereira)





Toca-me! Diz-me como és, de que és feito, de onde vens. Como te chamas? Porquê eu? Que me queres?
Consigo olhar-te nos olhos e saber o que sentes. Esse anjo preso a ti, não percebe porque me escolheste ou tem medo de mim? Sinto o teu dedo, sinto o calor da tua pele, mas não te consigo sentir a ti, a ti como um todo, a ti como um ser como eu, a ti proveniente do calor de um ventre, de um lufo de ar frio repentino, cortante, gelado, do amor de um beijo nas faces rosadas vistas pela primeira vez, do colo de uma mãe que independentemente do que fizeres e do que fores, amar-te-á para sempre, não te sinto como algo que eu consiga alcançar.

Oh! Onde estão os meus modos? Permita-me perguntar-lhe se me autoriza a tratá-lo por tu? Segunda pessoa do singular que nos coloca num nível hierarquicamente semelhante e nos posiciona numa balança apenas ligeiramente desequilibrada. Não que queira parecer-me consigo ou ser igual a si, não que queira posicionar-me no seu lugar e obter as suas responsabilidades tomando partido daquilo que a mente me disser, interpretando, segundo a minha vontade, aquilo que os meus órgãos exteroceptivos levarem até ao meu cérebro, ignorando o politicamente correcto, fazendo das normas morais não a minha primeira regra mas aquilo que me diferencia de todos os outros.

Vi-o descer, sentado ligeiramente inclinado, nessa nuvem, olhar calorosamente frio, corpo hirto, músculos definidos numa posição de desconforto e tensão corporal dando a imagem de ser alguém grande, teoricamente enorme, austero e complicado de atingir. Inundou os meus sonhos com esse anjo de expressão ambígua de medo ou contra-vontade, que me olhava desajeitado de uma maneira quase feroz, transmitindo o ódio. Ou seria o pânico? Nesse sonho, em que me assemelhava a Adônis, de corpo quase perfeito e alma limpa transmissora de uma grande capacidade derivada das ciências sociais e da inteligência intra e interpessoal inundando o verde seco que me rodeava transformando-o em reluzente. Reluzente como o meu olhar e como o circulo de luz ofuscante em torno dessa nuvem que te transportava. Perdão, que o transportava.

Quando o teu… seu dedo tocou o meu, senti que podia ser como eu. Um ser mitológico tão parecido á realidade, tão próximo de mim, tão feito do mesmo material do que eu.

Não é verdade que um ser perfeito como o Humano só poderia ser criado por alguém perfeito, como o rei da mitologia, o teu superior, o teu rei, o nosso Deus? Já o dizia Descartes: “(…) uma vez que encontramos em nós a ideia de um ser totalmente perfeito (…) vemo-nos obrigados a confessar que só a poderíamos ter obtido de um ser perfeitíssimo, quer dizer, de um Deus que verdadeiramente é ou existe, uma vez que não só é manifesto pela luz natural que o nada não pode ser autor do que quer que seja, e o que o mais perfeito não poderia ser uma continuação e dependência do menos perfeito (…)”

Só isso me deixou com a imensa e correcta percepção de que és tão alcançável quanto eu desejar que o sejas, és tão meu quanto eu a ti me entregar, respondes-me tanto quanto eu contigo falar…

“Meu Deus, porque és tão bom! Tenho muita pena de vos ter ofendido, ajudai-me a não tornar a pecar!”

No momento em que senti o teu dedo no meu poisar, foi como se uma fotografia estivesse a tirar; como um quadro que mais tarde teria enumeras interpretações e uma delas, escrita por alguém que te veria como um Deus, como o Meu Deus. Fotografia, essa que um dia seria pintada por alguém de nome Miguel Ângelo e tornar-se-ia famosa, não por mim, mas pela magnificência do teu ser, da ideia de que és alcançável, para mim e para todos, desde que queira tocar-te, desde que queira sentir-te.

Toca-me! Diz-me como és, de que és feito, de onde vens. Como te chamas? Porquê eu? Que me queres?



P.S.: já acabei de ler os Maias e o teste de leitura não foi assim tão mau ... Bom regresso às aulas para todos pessoal !

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Porque ...

 ... nada dura para sempre .

Queria agarrar a tua mão e prometer-te que estaremos juntos até ao limite , num para sempre literal dos contos-de-fadas, onde nenhuma bruxa malvada nos separará , onde o tempo só nos trará felicidade e nunca a perda da capacidade de sentir , onde a proximidade será eterna e nunca conheceremos a distância .
Queria fazer-te promessas sem fim . Prometer-te que seria para sempre a princesinha que conheces agora, que te olharei sempre com olhos de estrela brilhante , que te sorrirei com um sorriso cintilante e te irei perceber faças o que fizeres .
Mas a verdade , meu amor , é que nada é eterno e não existe um para sempre . Hoje conheces-me , amanhã já não . Hoje sabes que eu existo , amanhã passarás por mim e não me reconhecerás. Hoje dás-me beijos apaixonados , eloquentes de ternura e carinho , amanhã virar-me-ás a cara e recordar-me-ás como alguém que te repugna e te enoja .
Serei como uma nuvem ... formada pela imensidão dos teus sentimentos.




"Todo cambia ,  no es algo nuevo . El mondo gira , el agua corre , la vida vuela . Um gusano cambia a mariposa , una semilla cambia a flor . Y tus "te quiero" cambiaron a "hola" y "adiós" "

terça-feira, 12 de abril de 2011

Vida vista de cima

 Estou em cima do precipício . Se erro, arrisco-me a cair. Se caio magoo-me e só com muito esforço volto a chegar lá em cima , ao topo e erguer-me nos meus pés, por mim própria. Posso deixar que a força do mar me levante. O mar ! O mar que é tudo aquilo que me rodeia. Posso deixar que seja o mar a encher até voltar a colocar-me lá em cima. Mas assim serei um ser fraco, um ser que não saberá apreciar a vista do cimo do precipício, que não saberá aprender com o esforço, não saberá suportar a dor da luta de voltar a subir.
Uma vez lá em cima, verei o Mundo. O Mundo aos meus olhos, o Mundo aos meus pés, o Mundo onde serei a personagem principal, o Mundo feito por mim com as minhas mãos. Entenderei a paisagem que me rodeia da maneira que a souber interpretar, da maneira que a minha luta me ensinar. Uma vez lá em cima, viverei o que os momentos me proporcionarem, viverei um sonho, viverei uma personagem não interpretada, uma personagem verdadeira, uma personagem que não terá ensaios para ser criada, onde os jogos de confiança acontecem em fracções de segundos e os exercícios de relaxamentos correm com o vento e desaparecem com ele, lá em cima viverei uma vida. O melhor que puder, o melhor que souber. Em cima desse precipício serei eu, eu mesma sem aquilo que os outros desejam que eu seja, sem aquilo que fizeram de mim, sem aquilo que gostariam de ver e eu não dou... lá em cima serei eu ! Apenas eu ... sem corantes nem conservantes. Sem elementos cénicos de decoração, sem ser princesa, sem ser boneca... serei eu mesma e a mesma eu, sem tirar nem pôr . Serei aquilo que eu sou : eu !



Novo look no blog ... espero que gostem :D

sábado, 9 de abril de 2011

Alguém que não conheço...

 ... e que me faz bem !

Detesto passar por ti no colégio... porque nunca sei como reagir. Deixas-me nervosa, aceleras a minha respiração, prendes-me o olhar e o peito, deixas o meu estômago pequenino, fazes de mim uma marioneta que consegues controlar à distância, assim como um controlo remoto sem GPS, perdido no nada no meio da multidão. Quando te vejo passar é como se só existíssemos eu e tu. Tudo o resto desaparece e é preciso chamarem-me para que 'acorde' para a realidade. Não te conheço e adoro tudo em ti. Adoro o teu estilo irreverente, adoro as tuas calças de ganga caídas e sem cor com uma camisa e casaco de fato, adoro os teus óculos à aviador, adoro estares sempre a mascar pastilhas elásticas, adoro os teus caracóis, adoro os teus olhos e o teu sorriso, adoro a tua arrogância, adoro estares sempre disponível e interessado em tudo, adoro tudo em ti ... e nem te conheço!
Metes-me medo . Estás em todo o lado. Dentro da sala, nas reuniões, nas rodinhas, na rua, na passadeira, no café, nas festas... em todo o lado ! Estás sempre lá, relativamente perto e demasiadamente longe.
Adoro-te e receio-te ! Jeez... és feito de quê ?

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Mentir !

 Nunca me mintas em relação ao teu amor. Nunca me digas que me amas quando no fundo não o sentes e se me amares... deixa-me saber !
Não me escondas esse sentimento que pode definir o futuro das nossas vidas, o rumo dos nossos caminhos, aquilo que seremos e passaremos juntos. Não mo escondas. Não me mintas !
Não me mintas com um olhar depravador, não me mintas sobre um abraço que não virá, não me mintas pela voz com palavras que cortam e não me mintas com a tua linguagem corporal, feroz e agressivamente.
Porque tudo o que disseres ou fizeres será mentira e porque te quero demais para o aceitar ou ver que foi mentira. Por isso não me mintas. Porque cada mentira vinda de ti será uma verdade para mim. E então as tuas verdades serão mentiras e tudo em ti será falso e não te irei conhecer na verdade , irei conhecer apenas a face da mentira. Por isso não me mintas...