quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Cor



Há muito pouca coisa que eu desejo de verdade e a maioria das coisas que eu desejo são os típicos clichés ditos pelas concorrentes a "Miss qualquer coisa", mas a realidade é que a minha vida consegue ser mesmo assim simples, simples para me permitir desejar clichés com todas as forças que tenho, simples para me permitir lutar por uma vida que eu considero melhor, simples para me permitir desistir daquilo que me faz mal com a cabeça erguida mesmo que o resto do Mundo me pise e me achincalhe, porque a minha vida é assim, simples ao ponto de deixar que estas coisas aconteçam. Talvez seja mesmo isso que a torne única.

É claro que se eu pudesse construía uma centena de hospitais e escolas públicas com acessos facilitados para que toda a gente do mundo tivesse as mesmas condições em termos literais e de saúde, com comida quase de graça. Se eu pudesse, é claro que acabava com a fome no mundo, tentava acabar com a guerra fazendo as coisas de maneira diferente para que, simplesmente, não houvesse qualquer motivo para haver guerra. Mas é claro que o Euromilhões não sai a pessoas que têm estes ideais. Porque os meus ideais não são só comprar um carro, acabar o curso, viajar pelo mundo, comer à fartasana e ter monopólio suficiente para comprar a roupa de que eu gosto... o bom gosto está lá, o dinheiro é que não!

Por isso, como estas coisas são só ideais que permanecerão na minha cabeça, nunca alcançáveis, nunca permitidos que se tornem realidade - até porque quando já não houvesse motivos para haver guerra, as pessoas iam lutar por nada, iam lutar porque já não havia motivo para lutar e o mundo era muito melhor quando se lutava com armas de fogo, canhões e bombas nucleares. É a condição humana, o instinto animal que nos faz lutar em vão - tive de baixar a minha própria fasquia e agora só desejo que as pessoas sejam capazes de ver a vida como eu a vejo.

E não vou estar aqui com muitas coisas, clichés, poesia, lições de moral, frases inspiradas em Ghandi ou Mandela, vou dizer só mais apenas que me entristece saber que a maior parte das pessoas não vê a vida com bons olhos ou simplesmente olha para ela como uma condição natural em que o único fim é morrer. Apesar de eu ter plena consciência dessa condição biológica e do meu próprio fim, não é essa a vida que eu quero para mim. Não quero que a minha vida seja "uma condição natural com fim à vista". Se eu tiver de fazer alguma coisa pela minha vida, vou fazer exatamente isso: alguma coisa. E mesmo que essa coisa seja uma autêntica bosta, pelo menos fiz alguma coisa, não vou morrer "em vão".

Filosofias à parte - já deu para ver que tinha muito pano para mangas - vou deixar a paz no Mundo, a extinção da fome, o fim da guerra, a felicidade das crianças, a alegria dos últimos dias dos idosos para quem de mais poder que eu e somente desejar a todos que vejam as cores que passam por nós de vez em quando sem que reparemos mesmo nisso... as cores! Simplesmente isso.




Gostava que fossemos todos atrasados mentais, num beco desconhecido, com orelhinhas de cão e pernas cruzadas, sorriso na cara, olhos abertos, coração palpitante a proferir "é mais uma aventura".

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