domingo, 14 de dezembro de 2014

Realidade Utópica



"Caros e Caras Camaradas,
Há cinco anos a esta parte integrei a Juventude Socialista. Tive a felicidade de descobrir amigos para a vida, de experimentar emoções que só aqueles que lutam por causas geracionais sentem e de aprender e ensinar. Também tive desilusões, ora por me sentir por vezes desacompanhando, por me sentir traído ou simplesmente incompreendido. Enfim, tive a oportunidade de crescer enquanto pessoa e, por isso, ganhar a legitimidade de dizer que as juventudes partidárias não têm de ser um covil de oportunistas. Como em tudo na vida, o resultado final dependerá sempre de nós.
Por um feliz acaso do destino, estou hoje em Lourosa, terra de onde sou natural e tenho muitas raízes familiares, a intervir no âmbito de uma das funções mais nobres que se possa conceber: a política. Sim, camaradas, não nos esqueçamos que a nobreza de uma atividade não se mede pela qualidade dos indivíduos que a representam, mas sim pelos resultados que é suposta produzir para os cidadãos.
Enquanto jovens participantes da política local e membros de um movimento de esquerda, desejamos dar cumprimento ao princípio mais básico da nossa ação: transformar para melhorar. E como são complexos os desafios que temos pela frente. A nível local, temos os feirenses acomodados a uma gestão camarária ineficiente, tentacular e pouco transparente. Somos depauperados por impostos municipais altíssimos, extorquidos por uma empresa de distribuição de água, deixados ao martírio de percorrer um concelho com infraestruturas deficientes (veja-se o caso do saneamento e das estradas) e onde a cultura, baluarte máximo da governação local, se resume a duas mega-produções culturais centradas na sede de um município com 213 km quadrados e onde os apoios ao associativismo se revestem com tiques elitistas e propositadamente excluentes. É hora de dizer não e nós temos a obrigação de dizer chega!
Se falarmos da política nacional e europeia, lateja-nos o sangue nas veias. Enquanto “netos” de Abril, temos a plena noção de ter nascido numa boa altura para sermos crianças, mas numa péssima altura para sermos adultos. Não por se ter entrado numa guerra fratricida, num desastre natural ou epidemiológico, mas por opções políticas, hoje conhecidas por neoliberais, que têm reduzido o ser humano a uma mera peça de uma engrenagem, fazendo de qualquer um de nós, um meio ao serviço de um fim que não é o desejado pela maioria da população mundial.
Sim Camaradas, estão a destruir o Sistema Nacional de Saúde, o Sistema Público de Educação e a abrir fileiras para os sistemas privados de pensões, não porque tenha que ser, mas porque assim o querem. Privatizaram monopólios naturais que contribuíam positivamente para o Orçamento de Estado, isto é, para todos nós, e para cúmulo da estupidez dogmática que os rege, têm entregue estes ativos estratégicos a empresas sob tutela do Partido Comunista Chinês.
Depois da eletricidade, dos combustíveis, dos aeroportos, dos Correios, das estradas e até do lixo, estão a afiar as facas para a próxima grande traição ao país e ao povo: a venda das Águas de Portugal, da TAP e, muito em breve, da Caixa Geral de Depósitos.
Esta é a maneira de agirem, eliminam todas as possibilidades do povo agir, através dos seus eleitos, nomeadamente pela economia, para que possam dizer do alto dos seus cargos milionários e nomes pomposos: “isto sempre foi assim e é uma fatalidade que continue a ser.”
Quero-vos aqui transmitir, deste nosso humilde encontro, que já os senhores diziam isso aos seus servos e os esclavagistas aos seus escravos, no entanto todos eles acabaram por perceber que nós somos mais do que eles e um dia diremos NÃO, um dia diremos BASTA!
Criaram a ilusão coletiva de que o sistema era extraordinário e não o devíamos contestar, porque todos tínhamos a possibilidade de ser “isto ou aquilo”, ocultando a dura realidade de que num sistema competitivo só alguns chegaram ao topo, dada a sua natureza hierárquica. Mas foram mais longe, criando a lengalenga do empreendedorismo; “se nos esforçarmos muito, de certeza que lá chegaremos” e, mais uma vez, empanturraram-nos com meia dúzia de exemplos de sucesso e varreram para debaixo do tapete todos os milhares de casos de insucesso.
Camaradas e amigos, não tenhamos dúvidas. Não somos contra o lucro. Somos contra o empobrecimento das classes trabalhadoras, em favorecimento de lucros individuais e desmesurados. Note-se que vivemos num mundo onde as 85 pessoas mais ricas controlam uma fortuna correspondente aos recursos disponíveis para mais de metade dos pobres de todo o mundo. A tendência é para o agravamento, sobretudo com as políticas que estão a ser seguidas, dado o carácter centrípeto da acumulação de riqueza. Por isso, é preciso dizê-lo com clareza, quem está a procurar a desordem social, quem está a promover a ruptura e a desobediência civil, não são os movimentos de esquerda, mas um conjunto de neo-conversadores, completamente lunáticos, que tomaram de assalto as instituições europeias e americanas desde a década de 80 do século passado e almejaram um vasto número de correligionários para os diversos países sob sua influência, invadindo e matando, sempre que algum chefe-de-estado, respeitando a vontade do povo, não se subjugasse aos seus interesses.
Nós somos a linha da frente que terá de demonstrar factualmente o que está à vista de todos, ou seja, que o Mercado não resolve tudo, pela sua própria natureza amoral e único fim da procura individual do lucro. Temos de dar o salto civilizacional necessário para provar que não é entrando numa correria louca de uns contra os outros, auto-intitulada competição, destruindo os recursos naturais cada vez mais escassos, que vamos progredir. 
Está a chegar a hora em que teremos de dizer que a mão-de-obra não é uma mercadoria qualquer, porque o ser humano não tem preço. Tem dignidade!
É preciso abandonar a economia dos mercados e da competição e a abraçar a economia ética e da cooperação, uma economia de homens e mulheres iguais e conscientes do seu papel no planeta.
É preciso relembrar que aquilo que caracterizou o progresso do ser humano, o progresso técnico, fez-se à custa de homens e mulheres sábios, ávidos de conhecimento e desejosos de ver prosperar a sua espécie.
Camaradas e Amigos, é preciso compreender que muitos antepassados sofreram, lutando por princípios que hoje damos como adquiridos. Por isso convém nunca esquecer que a palavra de ordem será desobedecer, se continuarem a levar-nos para o precipício da pobreza, da exclusão e da desigualdade."
Daniel Gomes


A realização de um sonho...
Muitos diziam que nunca seria capaz, muitos outros manifestavam um apoio hipócrita, não acreditando na mesma medida. 
Aqueles que sonharam comigo, são aqueles que hoje abraçam esta associação e se podem dizer Presidentes Norte do Concelho, porque o somos verdadeiramente. Que a nossa Utopia seja levada avante, porque juntos conseguimos ser mais, maiores e melhores.
Adoro-vos crianças*








1 comentário:

  1. Olá Rita :)
    Sim, já estou melhor, obrigada. Foi uma semana horrível, mas felizmente já estou melhor e nunca mais tomo aquela coisa na vida lol

    E muitos parabéns pela realização deste teu sonho. Espero mesmo que tenhas muito sucesso... mereces! ;)

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