Tu e as tuas manias...

... as tuas manias e tu!

Foi a frase que o querido P. me disse hoje. Envolvendo dinheiro.

Contexto:

A fazer um trabalho que envolvia dinheiro (não muito), deixei-o ao acesso de todos, em plena confiança. 

Pois qual não é o meu espanto quando descubro que o dinheiro desapareceu.

Ia-me dando um baque no coração e comecei logo aos berros a perguntar pelo dinheiro.

Eis senão quando aparece o querido P. e me diz "fui eu que tirei o dinheiro. Tirei X, mas já repus em material."

É claro que eu fiz um escândalo. As coisas não se tratam dessa maneira, as coisas não se fazem assim. Discussão para aqui, picardia para ali, lá nos chateamos os dois e eu não pude fazer nada.

Qual foi a minha brilhante conclusão?

"A partir de agora nunca mais vais ter acesso ao dinheiro dos fundos. Esquece. Foi a última vez que isto aconteceu."

E o que é que ele me respondeu?

Precisamente. "Tu e as tuas manias, as tuas manias e tu!"

Não, meu querido, não são manias. Chama-se trabalho, chama-se seriedade, chama-se eficiência, que são coisas que, pelo que me parece, tu não sabes o que são.

Queres voltar atrás no tempo?

Vamos retroceder até ao ponto em que eu era bem pequenina e a minha mãe estava a coordenar o posto de trabalho que eu coordeno hoje.

Guardou a caixa do dinheiro dos fundos e Surpresa! Apareceu um buraco na caixa e o dinheiro desapareceu. Não todo, claro, não ias ser assim tão estúpido.

Eu devia ter pouco mais de 8 anos e, como é óbvio, fui acusada, batida e castigada, passei por ladra e toda a gente ficou a saber que "não podia confiar em mim". A minha mãe perdeu o posto de "tesoureira" e ficou com esse prejuízo.

Meses depois, quando a tempestade já tinha passado e numa conversa completamente trivial, sabes o que é que disseste? Precisamente. Admitiste que tinhas roubado o dinheiro. 

Quem é que foi castigada?

Quem é que foi batida?

Quem é que foi maltratada?

Quem é que foi acusada?

Quem é que perdeu a confiança?

Quem é que ficou desamparada?

Não foste tu, querido P., fui eu!

E queres que eu volte a confiar, outra vez, em ti, quando mais de 10 anos depois voltas a repetir a proeza?

Não são manias, meu querido, são memórias.

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